D. Luís de Menezes
Comendador das comendas de S. Cipriano de Angueira, S. Martinho de Frazão e S. Bartolomeu da Covilhã, todas na ordem de Cristo; general de artilharia; e vedor da Fazenda no reinado de D. Pedro II, cujo. partido seguiu nas discórdias e intrigas palacianas, que originaram a deposição de D. Afonso VI, etc.
N. em Lisboa a 22 de Julho de 1632, fal. a 26 de Maio de 1690. Era filho de D. Henrique de Menezes, 5.º senhor do Louriçal, e de D. Margarida de Lima, filha dos 4.º condes de Atouguia, João Gonçalves de Ataíde e D. Maria de Castro.
Em 1640, contando 8 anos de idade, entrou para o serviço do príncipe D. Teodósio, filho de D. João IV, de quem mereceu distintas honras. Resolvera acompanhar em 1650 o vice-rei da Índia, D. João da Silva Telo e Menezes, conde de Aveiras, que ia partir para o Oriente, mas o conde de Soure, D. João da Costa, governador das armas do Alentejo, o persuadiu a que mudasse de ideia, e fosse militar na fronteira portuguesa.
D. Luís de Menezes fez então toda a campanha da Restauração, desde 1650, distinguindo-se nas mais célebres batalhas, como foram a de S. Miguel em 1658, das Linhas de Elvas em 1659, do Ameixial em 1663, de Montes Claros em 1665, nas conquistas de Évora e Valença de Alcântara, e em muitos outros combates.
Em Ameixial concorreu muito para a vitória pelo acerto com que dirigiu o fogo da artilharia que comandava. Em 1673, depois de concluída a paz, foi nomeado governador das armas da província de Trás-os-Montes. No gabinete mostrou igual actividade como em campanha.
Tendo sido nomeado deputado da Junta dos Três Estados, foi em 1675 nomeado vedor da Fazenda. 0 seu governo assinalou-se por algumas reformas úteis, e a ele se pode dizer que deve a indústria portuguesa o primeiro impulso que recebeu.
Introduziu o comércio das manufacturas, e a reformação da moeda, de cujos arbítrios se seguiram importantes conveniências para o país. Também cuidou com muito zelo da nossa navegação para as Índias Orientais. Chamavam-lhe o Colbert português, o grande ministro de Luís XIV. 0 conde da Ericeira tinha perfeito conhecimento das línguas francesa, espanhola e italiana.
Em recompensa de ter derrotado com artilharia o exército castelhano na passagem do rio Degebe, recebeu entre outras mercês, o senhorio da vila de Ancião, onde se levantou por ordem do monarca um padrão, em que se colocou uma inscrição latina. 0 conde da Ericeira sofria grandes ataques de melancolia, e num desses ataques precipitou-se duma janela do seu palácio para o lado do jardim, falecendo quase instantaneamente.
Havia casado em 1 de Maio de 1666, com sua sobrinha D. Joana Josefa de Menezes, filha e herdeira de seu irmão, o 2.º conde da Ericeira, D. Fernando de Menezes, e de D. Leonor Filipa de Noronha, dama da rainha D. Luísa de Gusmão.
Escreveu:
Compendio panegyrico da vida e acções do Excellentissimo Senhor Luiz Alvares de Tavora, conde de S. João, marquez de Tavora; Lisboa, 1674, Historia de Portugal restaurado, Parte I, Lisboa, 1679; idem, 1710; Parte II, Lisboa, 1698. Esta história descreve a guerra dos 27 anos, desde 1640 até 1668, em que se celebraram as pazes com Castela. Teve depois diversas impressões; Parte I, dividida em tomos I e II, Lisboa, 1751; Parte II, dividida em tomos III e IV, Lisboa, 1751; saiu terceira vez; Lisboa, 1759. Escreveu mais: Exemplos de virtudes morales en Ia vida de Jorge Castrioto, Ilamado Scanderbeg, principe de los Epirotas y Albanezes, etc., Lisboa, 1688; Relação do felice successo que conseguiram as armas do Serenissimo principe D. Pedro, nosso senhor, governadas por Francisco de Tavora, governador e capitão general do reino de Angola, contra a rebellião de D. João, rei das Pedras e Dongo, no mez de dezembro de 1671; saiu anónima e sem ano de impressão; Soneto em applauso do Panegyrico poetico que dedicou a el rei D. Pedro II o principe Seneschal de Ligne, Marquez de Arronches, Lisboa, 1685.
Deixou alguns manuscritos, principalmente em língua castelhana, entre os quais se contavam duas comédias em verso. |