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 • Personagem: Francisco da Silveira Pinto
 

Francisco da Silveira Pinto

Francisco da Silveira Pinto da Fonseca Teixeira
1.º conde de Amarante

Moço fidalgo com exercício na Casa Real e fidalgo cavaleiro; 9.º senhor donatário das Honras de Nogueira e S. Cipriano; senhor do morgado do Espírito Santo na vila de Canelas; comendador de Santa Marinha de Rio Frio da Carregosa, no bispado do Miranda, na ordem de Cristo; grã-cruz da ordem de Cristo, da antiga ordem da Torre e Espada, e da ordem militar de S. Fernando e Mérito da Espanha; tenente general do exercito, governador das armas da província de Trás-os-Montes, durante o período da invasão francesa.

N. na vila de Canelas a 1 de Setembro de 1763, f. em Vila Real a 27 de Maio de 1821. Era filho de Manuel da Silveira Pinto da Fonseca e de D. Antónia Silveira.

Assentou praça de cadete no regimento de cavalaria de Almeida em 25 de Abril de 1780, foi promovido a alferes do mesmo regimento a 27 de Fevereiro de 1790, a tenente do regimento de cavalaria n.º 6, então chamados os ligeiros de Chaves, a 17 de Dezembro de 1792, a capitão e ajudante de ordens do marechal de campo e governador das armas da província da Beira, João Brun da Silveira, a 17 de Dezembro de 1799. Sucedeu ao morgado de Espírito Santo e na casa de seu pai, a 22 de Fevereiro de 1785.

Por ocasião da guerra contra a França e Espanha, em 1801, Francisco da Silveira, com outras pessoas importantes da sua província, levantou um corpo de voluntários, de que foi sargento-mor, o qual figurou somente na empresa de Monterei, ordenada por Gomes Freire de Andrade. No entretanto, em recompensa dos serviços prestados nessa época, foi promovido à efectividade de sargento-mor para o seu regimento de cavalaria n.º 6, e a tenente-coronel em 14 de Março de 1803.

Comandava aquele corpo de cavalaria, em 1807, quando houve ordem para todo o exército português marchar das fronteiras do reino para o litoral. Achava-se em Aveiro, quando em Dezembro do mesmo ano, foi chamado a Coimbra para testemunhar a aniquilação dos regimentos de cavalaria 6, 9, 11 e 12, efectuada naquela cidade por ordem do general Junot.

Alcançou do governo francês a sua demissão, e partiu logo para o Porto com o propósito de se evadir para bordo da esquadra inglesa, donde tencionava passar ao Brasil. 0 seu plano ficou malogrado, e dirigiu-se então para Vila Real, onde posteriormente foi um dos fautores da aclamação do governo legítimo em 1808.

A junta do supremo governo do Porto recompensou este serviço em 21 de Julho daquele mesmo ano com a patente de coronel do seu antigo regimento de cavalaria n.º 6. Ainda no mesmo ano, e na qualidade de comandante da vanguarda no exército de Bernardim Freire, marchando do Porto sobre a capital, foi promovido pelos governadores do reino, ao posto de brigadeiro, para depois lhe confiarem o governo militar da província de Trás-os-Montes, por carta régia de 15 de Fevereiro de 1809.

Faltando-lhe elementos para impedir que o marechal Soult invadisse a referida província, Francisco Silveira saiu da praça de Chaves em retirada para Vila Pouca de Aguiar, donde em breve regressou a Chaves, apenas soube que o marechal Soult se dirigia para Salamonde e Carvalho de Este. Foi o primeiro general português que alcançou vitória contra as disciplinadas e aguerridas tropas francesas, no entretanto, Silveira, dispunha de pouca tropa de linha portuguesa, sendo a maior parte das forças do seu comando duas brigadas de valorosos milicianos e voluntários transmontanos.

Foi com estes destemidos portugueses que retomou a praça de Chaves, entrando nela com os regimentos 12 e 14 de infantaria e regimentos de milícias de Miranda e Moncorvo, dispostos a tomar a praça por assalto, e ocupando várias posições de ataque e sustentação dele os regimentos de milícias de Lamego e Bragança; bem como os de Chaves e Vila Real. Havendo retomado a praça, Silveira encontrou-se na defesa da ponte de Amarante contra as tropas do general Loison.

Esta defesa foi heróica, disputando a passagem de forças muito superiores do exército francês, opondo-se-lhe com a maior bravura à frente dos regimentos de milícias de Chaves, Vila Real e Miranda, e quatro peças de artilharia. Há quem diga, que no fim de tão brilhante defesa, o general Silveira se deixara surpreender, vendo-se obrigado a retirar sobre Entre-os-rios. 0 que passa por ser verdade é que as tropas francesas conseguiram surpreender pela retaguarda as baterias da ponte, servindo-se do auxílio dalguns traidores portugueses, e principalmente protegidas pela espessíssima névoa que nessa manhã cobria o rio Tâmega.

0 facto é que o general Silveira se bateu valentemente e que foi promovido a marechal de campo na ordem do dia de 21 de Maio de 1809, em contemplação do zelo e patriotismo com que se havia conduzido, e quando chegou à corte do Rio de Janeiro a fama dos seus serviços o príncipe regente agraciou-o com o título de conde de Amarante, em 13 de Maio de 1811, tendo a carta a data de 28 de Junho seguinte e assentamento em 1 de Fevereiro de 1812.

Continuando a defender, como governador das armas, a província de Trás-os-Montes, travou combate com os franceses nas vizinhanças da Puebla de Senabria, no dia 4 de Agosto de 1810, em que ficou vencedora a cavalaria portuguesa comandada pelo capitão Francisco Teixeira Lobo; nesse combate também entraram as duas brigadas, já mencionadas, de valentes milicianos e um batalhão de caçadores voluntários de Montalegre, acompanhados por duzentos soldados de cavalaria 12. No dia 10 do referido mês houve outro combate, em que o general Silveira, de acordo com o general espanhol Taboada, aprisionou um batalhão suíço, que em força de quatrocentos homens guarnecia o castelo de Senabria.

Até ao fim da guerra peninsular, o general Silveira continuou sempre dando provas da maior bravura, tomando parte na acção de Valverde, em 14 de Novembro de 1810, na defesa de Pinhel, na ponte de Abade do lado de Trancoso, em 31 de Dezembro, na vila da Ponte, em 11 de Janeiro de 1811, em que teve de retirar-se para Lamego e atravessar o Douro, com bastante perda de gente. A 5 de Fevereiro de 1812, foi promovido a tenente general. Terminada a campanha, voltou ao seu antigo lugar de general das armas da província de Trás-os-Montes. 0 conde de Amarante foi um dos generais mais notáveis do exército português que entraram na guerra peninsular.

Quando no Porto rebentou a revolução liberal de 24 de Agosto de 1820, a junta provisória daquela cidade pretendeu aliciar o conde de Amarante. 0 conde, porém, recusou-se e reunindo em Chaves as tropas da província para combater a revolução, seu cunhado, Gaspar Teixeira de Magalhães e Lacerda, conseguiu chamá-las ao serviço da junta do Porto. Este facto causou inconsolável desgosto ao conde de Amarante, que saiu logo de Chaves, retirando-se a Ponte de Lima, recolhendo-se por fim a Vila Real, onde faleceu em Maio do ano seguinte, vítima duma moléstia de peito.

Por disposição testamentária foi o seu cadáver amortalhado com o hábito de frade franciscano, entoando-se-lhe um oficio de corpo presente por seis padres, e conduzido da igreja de S. Dionísio de Vila Real para Canelas, onde ficou sepultado em jazigo de família, na capela do Espírito Santo.

0 conde de Amarante casara a 16 de Abril de 1781 com D. Maria Emília Teixeira de Magalhães e Lacerda, filha de António Teixeira de Magalhães e Lacerda, senhor da casa da Calçada em Vila Real, e de sua mulher, D. Ana Teresa Pereira Pinto de Azevedo Souto Maior, terceira senhora do morgado de Celeiros. Deste matrimónio houve três filhos: Manuel da Silveira Pinto da Fonseca, que foi 2.º conde de Amarante e 1.º marquês de Chaves (V. este nome); Miguel da Silveira, 2.º tenente da armada real que morreu assassinado no antigo Colégio dos Nobres; e D. Mariana da Silveira, que foi a 1.ª viscondessa de Várzea, por ter casado com o 1.º visconde daquele título, Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca (V. Várzea).

Além das honras e dignidades que apontamos, o conde de Amarante era condecorado com a medalha de sete campanhas da guerra peninsular, com as medalhas inglesas e espanholas por acções e batalhas durante a mesma guerra, e com a cruz de ouro de comando. António da Silveira Pinto da Fonseca, irmão do conde de Amarante, foi agraciado por D. João VI, em 1823, com o título de visconde de Canelas.

 
 
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