D. Maria Ana de Áustria
Arquiduquesa de Áustria, a rainha de Portugal pelo seu casamento com D. João V.
N. em Lintz a 7 de Setembro de 1683, fal. no paço de Belém a 14 de Agosto de 1754. Era filha do imperador Leopoldo e de sua terceira mulher, a imperatriz D. Leonor Madalena Teresa de Neuburgo, irmã do imperador José, então reinante.
0 embaixador encarregado de pedir a arquiduquesa, em casamento, foi o conde de Vilar Maior, Fernando Teles da Silva, que se apresentou em Viena de Áustria numa embaixada riquíssima e sumptuosa, como nunca se havia visto naquela corte.
No dia 9 de Julho de 1708 celebrou-se o casamento na catedral de Santo Estêvão, sendo procurador de el-rei D. João V o imperador José I, irmão da noiva, e o celebrante o cardeal de Saxónia, a quem o embaixador presenteou com um dos seus coches puxado a 6 cavalos.
A nova rainha veio numa esquadra de 11 naus para Lisboa, onde chegou a 26 de Outubro, foi recebida com festas brilhantíssimas (V. Portugal, vol. III, pag. 1048 a seguintes, artigo dedicado a D. João V; e Anno Historico do padre Francisco de Santa Maria, vol. II pag. 334 e seguintes.).
D. Maria Ana de Áustria era uma senhora muito virtuosa, mas não foi feliz no casamento; amava sinceramente seu marido, e sofria muito com a infidelidade do monarca, que via sempre entregue a outros amores.
Por alguns anos foi estéril, o que motivou o voto feito por D. João V, de que resultou a edificação da basílica de Mafra. Afinal a esterilidade terminou completamente, e a rainha teve 6 filhos; sendo um deles D. José, o príncipe da Beira, titulo criado por D. João V, para o primogénito do príncipe do Brasil, o qual depois lhe sucedeu no trono.
Quando o monarca foi ao Alentejo em 1716, ficou sendo regente do reino, e tomou novamente a regência em 1742, quando D. João V adoeceu gravemente, apesar do príncipe D. José ter já 27 anos de idade. Nestas duas regências mostrou sempre muita capacidade, prudência e justiça.
Fundou o convento de S. João Nepomuceno em Lisboa, para carmelitas alemães, onde quis ser sepultada num magnífico mausoléu, e como era muito amiga da sua pátria recomendou no testamento que o seu coração fosse levado para o jazigo dos seus antepassados na Alemanha.
0 país deve a esta rainha a protecção ao grande ministro Sebastião José de Carvalho e Mello, depois marquês de Pombal, sendo ela quem, depois da morte de D. João V, a quem ainda sobreviveu quatro anos, recomendou a seu filho D. José que o nomeasse ministro.
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