Alves dos Reis
Artur Virgílio Alves dos Reis, nasceu em Lisboa em 1898. Não se sabe muito da sua adolescência, apenas que frequentou o curso de Engenharia Civil, que deixou incompleto por causa de problemas financeiros de seu pai, que faliu.
Em 1916 casou com Maria Luisa Jacobetti de Azevedo, pertencente a uma das muitas familias ricas de Lisboa, e nesse mesmo ano conseguiu uma colocação de funcionário público nas colónias.
Viria a ser nomeado Director dos Caminhos de Ferro de Moçâmedes em Angola, forjando para o efeito o Diploma 248 da Escola Politécnica de Engenharia da Universidade de Oxford, que não existia, tornando-se assim Bacharel em Ciência da Engenharia, Geologia, Geometria, Física, Metalurgia, Matemática Pura, Paleografia, Engenharia Eléctrica, Matemática e Física Aplicadas e Engenharia Civil Geral.
Regressa a Lisboa em 1922 e adquire a “ Ambar ”, Cª. Caminhos de Ferro Transafricanos de Angola por 40 mil dólares e o controlo da Cª. Mineira do Sul de Angola por 60 mil. Em 1924 foi detido no Porto acusado de desviar 100 mil dólares da Cª. Ambaca, sendo condenado a 54 dias de pena, na Cadeia da Relação, onde aproveitou para formular o seu plano.
Consistia em imprimir secretamente 2 milhões de notas de 500$00 na Casa Waterlow & Sons, Ltd., em Londres, a própria a imprimir para o Banco de Portugal.
Este plano contava também com a participação da sua esposa, José e António Bandeira, Francisco Ferreira Júnior, Adriano Silva, Moura Coutinho, Manuel Roquete, e o alemão Adolf Hennies. Envolvia ainda outras instituições como o Banco de Portugal, o Banco de Angola e Metrópole, criado pelo próprio Alves dos Reis em 1925, e os consulados britânico, francês e alemão.
Alves dos Reis ambicionava também chegar à administração do Banco de Portugal, e o grupo propôs mesmo a compra de 31 mil acções do Banco, sendo boicotada pela maioria dos accionistas.
Em Novembro de 1925, o jornal o Século começa a publicar alguns artigos alertando a opinião pública para os negócios obscuros do Banco Angola e Metrópole. Um mês mais tarde Alves dos Reis foi detido e também os outros “participantes” foram chamados ao banco dos réus.
Ao grupo foram imputadas várias acusações: conspiração, falsificação de contratos espúrios, crime de falsificação de 580 mil notas de banco e fraude na obtenção de um alvará para a criação do Banco Angola e Metrópole.
Reis, Bandeira e Hennies, foram condenados a 8 anos de prisão celular, seguidos 12 de degredo ou, em opção, 25 de degredo. Os outros réus receberam condenações mais leves e a esposa de Reis foi libertada. Foi no cumprimento da sua pena que Reis se converteu ao Protestantismo.
Em Maio de 1945 foi libertado e alguns meses mais tarde foi-lhe oferecido um emprego de bancário, que curiosamente recusou. Morreu em 1957.
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