quem subir ao cimo dessas dunas
há-de ver o mar
onde eu pescava um dia
sem saber
que pescar é benção de ser homem
e ser homem é
a benção de poder viver de pé.
já muitas campas eu pisei sem querer
e outras eu abri cedo de mais
se alguém me obriga a ir além fronteiras
eu me assumo aqui
como mais um dos animais.
(...quisera eu que fôssemos iguais)
quem subir ao cimo desse monte
há-de ver a terra
onde eu lavrava sonhos sem saber
que lavrar é benção de ser homem
e ser homem é
a benção de poder sonhar de pé
já muitas vidas eu levei sem querer
e outras eu roubei cedo demais
se alguém me obriga a ir além fronteiras
fujo como foge
qualquer um dos animais.
(...quisera eu que fôssemos iguais)
fecho a fronteira p´ra lá de mim
olho-me em ti p´ra me ver
juro que a paz não faz parte de um sonho
espero por ti p´ra vencer
quem descer o curso desse rio
há-de ver as margens
onde eu amei um dia sem saber
que amar é benção de ser homem
e ser homem é
amar a benção de quem nos quiser
já muita esperança eu tirei sem querer
e outras eu vivi cedo demais
ninguém me obriga a ir além fronteiras
onde ninguém se ama
nem o melhor dos animais.
(...quisera eu que fôssemos iguais)