Florência
Na voz de Florência há uma alegria contagiante, uma exuberância natural que arrebatou gerações de admiradores. Mas não foi apenas a sua voz cheia que atraiu as atenções de um público atento e admirador. No canto de Florência houve sempre uma mistura de sinceridade e pureza interpretativa, e uma tão genuína entrega em palco, que a artista sempre cativou audiências com grande facilidade.
Natural da ”cidade invicta”, Florência sempre foi um pouco vista sob o rótulo da fadista do Porto, o que é um pouco injusto para quem adquiriu verdadeira fama nacional.
A sua carreira é marcada por uma precocidade extraordinária, a ponto de ser considerada a menina prodígio do fado. Com 13 anos triunfa no concurso Rainha das Cantadeiras de Portugal, tem multidões a aplaudi-la nos maiores palcos nacionais, é assunto de comunicação social e conquista o direito a ter carteira profissional.
Mas os seus pais decidem partir para o Brasil. O que poderia ser o fim de toda a sua carreira vai revelar-se apenas um novo palco de oportunidades para a jovem fadista portuguesa. No Brasil, Florência conquista primeiramente a comunidade portuguesa aí residente e, depois, os próprios meios de comunicação de âmbito nacional.
A cantora não se cinge apenas ao fado, fazendo seu um repertório de influência popular, sempre marcado por uma contagiante alegria em palco que é a sua imagem de marca.
O palco é, aliás, o seu terreno de expressão ideal. Apesar de ter gravado centenas de discos em Portugal e no Brasil, Florência será sempre uma daquelas artistas que dá o seu melhor ao público. Por isso tem uma carreira artística tão longa e tão assinalada pelos portugueses no nosso país ou um pouco por todos os cantos da diáspora nacional.
Marcos principais da carreira:
1956 Com 13 anos participa no concurso Rainha das Cantadeiras, no Coliseu do Porto. Triunfa.
De seguida ganha o concurso Rainha das Cantadeiras de Portugal, no Coliseu de Lisboa. Os pais decidem partir para o Brasil. Florência estreia-se a cantar fado na Casa do Porto do Rio de Janeiro. Actuará em casas típicas, na rádio e na televisão. Ganha o trofeu Melhores da Semana na TV Tupi. Grava dezenas de discos.
1968 Regressa a Portugal para actuar no Casino de Espinho. Ficará definitivamente no seu país de origem.
1971 Grava o seu primeiro álbum de fados em Portugal.
1979 Participa no Festival RTP da Canção com um tema que marca toda uma fase da sua carreira, Comboio do Tua, de Mário Contumélias e Manuel José Soares.
A sua carreira prossegue muito ligada a digressões por todo o país e no estrangeiro, junto das comunidades portuguesas emigradas. |