Maria de Lurdes Resende
Irrequieta e traquinas desde a mais tenra infância, Maria de Lurdes Dias Resende nasceu no Barreiro em 1927. Cantou desde que se lembra. Aliás, assim que nasceu começou a berrar, tarefa a que se dedicou durante o primeiro ano de vida, para desespero dos pais.
Ao crescer, Maria de Lurdes Resende ganhou a convicção de que seria cantora, e de ópera. Mas os pais opuseram-se de forma veemente e só aos 18 anos, com a maioridade, se estreou oficialmente, com o nome de Maria de Lurdes, porque Resende era da família que a tinha contrariado.
"Eu era uma menina extremamente turbulenta", afirmou à Flama em 1967. "As minhas filhas são uns verdadeiros terramotos, mas eu era bem pior do que elas".
Das primeiras cantigas aos microfones da Rádio Graça até uma carreira nacional e internacional recheada de sucessos, prémios e comendas, Maria de Lurdes Resende ganhou inequívoca popularidade, com uma voz excepcional ao serviço das cantigas. Gravou mais de 200.
Alcunhada de "a feia-bonita", Maria de Lurdes Resende daria uma resposta digna do seu carácter, popularizando a cantiga A Feia.
Mas Alcobaça foi o seu grande êxito em Portugal e além fronteiras. "Quem passa por Alcobaça, não passa sem lá voltar...". Quem não se lembra das palavras desta canção? E foi justamente em Alcobaça que Maria de Lurdes Resende foi homenageada por ocasião dos seus 50 anos de carreira, no Cine-Teatro daquela cidade, que reuniu inúmeras vedetas contemporâneas, autores e compositores, amigos e familiares.
Maria de Lurdes imortalizara Alcobaça e esta imortalizou-a dando-lhe o nome a uma das suas principais ruas.
Mulher de um "coração de ouro", na opinião de Nóbrega e Sousa, Lurdes Resende confessou, também à Flama: "Sou extremamente boémia por temperamento mas, por educação, tenho de ser exactamente o contrário".
Marcos principais da carreira:
1945 Estreia-se na Emissora Nacional, depois de um breve ensaio na Rádio Graça.
1948 Prémio de cançonetista no Concurso de Artistas Ligeiros da Rádio.
1950 Actua em Paris, no âmbito do Plano Marshall.
1952 Durante um ano actua na rádio e televisão das principais cidades brasileiras.
1955 Primeiro prémio da Canção de Sucesso, em Génova, com Alcobaça. Rainha da Rádio, eleita em concurso da revista Flama.
1956 Rainha do Espectáculo no concurso da revista Plateia.
1957 Actua na primeira emissão da RTP. 1962 De novo, Rainha da Rádio.
1966 lº e 2°- prémios no Festival Internacional da Canção, em Toronto, Canadá.
1967 A "Maior Cançonetista Portuguesa", eleita pela Imprensa de Angola.
1970 Comenda da Ordem de Benemerência, por ocasião dos seus 25 anos de carreira. Protagonista da peça Um Chapéu de Palha de Itália, no TEC.
1957 Medalhas de Prata das Câmaras Municipais do Barreiro, de Alcobaça e de Lamego. No ano seguinte, Medalha de Ouro da Câmara Municipal do Barreiro. |