Deolinda Rodrigues
Talento precocemente revelado de fadista, Deolinda Rodrigues nasce em Lisboa, em Telheiras, então um aldeamento de cariz rural às portas de Lisboa. Cedo perde a mãe e a família vive com dificuldades. É na Sociedade de Recreio União Familiar de Telheiras que dá os seus primeiros passos como cantora de fados, ainda criança.
As suas qualidades são bastante apreciadas e, com vinte anos, decide participar no Concurso da Primavera organizado pelo Diário Popular. Conquista o segundo lugar e a atenção do empresário José Miguel que a contrata para cantar no Retiro dos Marialvas, a vinte escudos por noite. Empregada de escritório, Deolinda Rodrigues acumula as duas actividades, só deixando de o fazer quando os rendimentos do fado se tornam significativos (passa a ganhar 50 escudos por noite).
Cantora de boa voz e de sentimento forte na interpretação, Deolinda Rodrigues alia a estas qualidades uma excelente presença física, uma beleza clássica e capacidades interpretativas. Características que a vão levar rapidamente ao cinema, com participações destacadas em Cantiga da Rua (o seu primeiro filme), Madragoa e O Passarinho da Ribeira. Deolinda Rodrigues pisará também os palcos da opereta e da revista. Mas é nas casas de fado que se sente melhor. Afirmará: "Nas casas típicas o público está perto de mim e posso ver a sua reacção. E quando sinto que o público sente aquilo que canto, eu sinto ainda mais profundamente. E sou eu, só eu. Ninguém interfere".
Após um interregno ditado pelo casamento, Deolinda Rodrigues divorcia-se e volta a cantar. Passará pelas melhores casas de fado do país, fazendo igualmente digressões ao Brasil (com grande sucesso), Moçambique, Angola, Espanha, Estados Unidos, Canadá. Dela recordamos fados de grande qualidade como Valeu a Pena, O Fado do Fim, Triste o Meu Fado, Fado da Saudade.
Deolinda Rodrigues embora o apelido possa induzir em erro, Deolinda Rodrigues não é familiar de Amália Rodrigues, apesar de ser sua contemporânea. Esta cantadeira lisboeta nasceu em 1924 e foi como que "apadrinhada" por Ercília Costa, que lhe previu carreira como fadista ao ouvi-la cantar num sarau da sociedade recreativa deTelheiras, com apenas oito anos de idade. Proveniente de uma família pobre, cantar era uma forma de Deolinda Rodrigues ultrapassar as dificuldades que a família enfrentava.
Com vinte anos de idade, Deolinda Rodrigues concorre ao Concurso da Primavera de 1944, organizado pelo jornal Diário Popular, e ficou em segundo lugar na categoria amadora. Um dos empresários presentes ficou com a jovem debaixo de olho e contratou-a para o Retiro dos Marialvas, onde se estreou nesse mesmo ano. O casamento vê--a, num primeiro passo, abandonar a vida artística e, num segundo, dedicar-se apenas ao cinema, participando em filmes como Cantiga da Rua, Madragoa e O Passarinho da Ribeira. Ainda casada, começará a ser vedeta requisitada para revistas e operetas teatrais, mas em 1952, com a mudança do seu marido para Angola, Deolinda Rodrigues retira-se.
Será uma ausência de pouca dura: o divórcio surgirá em 1954 e a fadista regressa a Lisboa, retomando uma carreira de fadista e vedeta de revista, até que no final dos anos setenta se retira da vida profissional.
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