Raul Solnado
A Raul Solnado coube em sorte, para além de ser um dos maiores actores cómicos que Portugal já conheceu, de se tornar um recordista de vendas discográficas com discos que nem canções tinham.
De facto, as gravações dos monólogos que criou em revistas nos anos sessenta bateram recordes de vendas na altura - mas Solnado chegou igualmente a gravar canções, tornando-se Malmequer um enorme êxito em 1972.
Natural de Lisboa, onde nasceu em 1929, Solnado estreou-se como actor em 1947 no grupo de amadores da Sociedade Guilherme Cossul e, em 1952, estreava-se profissionalmente como actor. 1953 trouxe a sua estreia na revista, por iniciativa de Vasco Morgado, que reconheceu o seu talento de comediante e, durante os dez anos que se seguiram, tornou-se um dos mais populares actores de revista.
Contudo, foi preciso o disco para a sua popularidade atingir níveis inusitados: mais precisamente, um disco que reunia A História da Minha Ida à Guerra de 1908 e A História da Minha Vida, que bateu todos os recordes de vendas de discos até então, vendendo até mais do que Amélia! A Guerra de 1908 era originalmente um sketch teatral do humorista espanhol Miguel Gila que Solnado ouvira em disco e adaptou para português, interpretando-o na revista de 1961 Bate o Pé.
Não havendo em Portugal tradição deste tipo de humor absurdo, o sketch entrara na revista a contragosto da produção e por imposição do actor, que viu a sua insistência validada pelo enorme sucesso que o monólogo obteve.
A partir daí, Solnado introduziu em muitas das revistas em que trabalhou monólogos na mesma linhagem, que obtiveram igual sucesso, tanto no palco como em disco, até 1968, ano em que grava o último desta série.
Em 1965, Solnado afasta-se do teatro de revista e passa a dedicar-se exclusivamente ao teatro de comédia e à televisão, onde ajudou a tornar sucesso programas como o Zip Zip, A Visita da Cornélia e O Resto São Cantigas, este último recordando os músicos e compositores que haviam feito a época áurea da música ligeira portuguesa. |